PROJETO 'SOMOS TODOS AMARILDOS' VAI ANGARIAR RECURSOS PARA COMPRAR UMA CASA PARA A FAMÍLIA DO PEDREIRO
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Além de jantar de adesão e leilão, organizadores
vão realizar um show em que artistas e plateia usarão máscaras retratando o
operário
SÉRGIO RAMALHO
O ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, de 42 anos, está desaparecido desde o dia 14 de julho
RIO - Há 72 dias sem uma resposta
sobre o paradeiro do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, visto pela última
vez na noite de 14 de julho ao ser levado por policiais à sede da UPP da
Rocinha, um grupo heterogêneo — músicos, artistas plásticos, atrizes, advogados
e integrantes do judiciário —, capitaneado por Paula Lavigne, vai se mascarar
em prol da família do operário. Além de organizar um jantar de adesão, conforme
revelou a coluna de Ancelmo Gois, eles planejam realizar um show onde artistas
e a plateia vão receber máscaras de Amarildo. O dinheiro angariado será usado
para dar um lar à família do pedreiro.
A mulher, Elizabete, e os filhos de
Amarildo dividem espaço num casebre de apenas um cômodo e desde o
desaparecimento do ajudante de pedreiro enfrentam dificuldades. Paula Lavigne
espera reunir o dinheiro, cerca de R$ 60 mil, para comprar uma casa na Rocinha
durante o jantar de adesão, cujo o valor é R$ 500 por lugar à mesa. O evento
esta marcado para acontecer no próximo dia 8, quando também será realizado um
leilão. Entre as peças que serão oferecidas estão um manuscrito da música
“Perdeu”, de Caetano Veloso, um instrumento musical de Marisa Monte e um quadro
do artista plástico Carlos Latuff, que retrata um negro crucificado sendo
baleado por um policial.
O projeto “Somos todos Amarildos”
também prevê a realização de um show no Circo Voador, ainda sem data marcada,
onde vão se apresentar Caetano Veloso, Marisa Monte, Emicida e outros artistas.
Há ainda a proposta de formar um bloco, que vai se reunir na Pedra do Arpoador.
Todos vestidos de preto e usando máscaras de Amarildo. Paula atribui parte da
ideia ao desembargador Siro Darlan e ao juiz João Batista Damasceno:
— A ideia, além de ajudar a família de Amarildo, é lembrar os tantos Amarildos
que estão desaparecidos ou sofrendo injustiças — diz.
Paula Lavigne acrescenta que o restante do dinheiro angariado com os
eventos será revertido a ONGs voltadas à defesa dos direitos em comunidades
carentes e contra a violência praticada por agentes do estado, entre elas o
Tortura Nunca Mais e o Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (IDDH).
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