“Uma criança ou adolescente pode ter dificuldade em comprar bebida
alcoólica ou cigarro na maioria dos estabelecimentos comerciais do país, pois é
regulamentado, mas nada a impede de adquirir o tipo de droga ilícita que
quiser. Aqueles que ganham com o comércio ilegal têm razões justificáveis, por
seus interesses, para a manutenção do proibicionismo e a guerra às drogas.
Legalização já!”
Realizou-se no Rio
a Marcha da Maconha, ou melhor, marcha pela legalização das drogas. Havia gente
de correntes diversas de opinião na defesa da regulamentação da produção,
comércio e consumo, que o Estado finge poder controlar exclusivamente por meio
de seu aparato repressivo. Aqueles que usam drogas não tinham motivo para estar
lá. Afinal, têm fornecimento garantido. Mas os que não usam e são contra o
tráfico tinham motivos de sobra para se manifestar. Ser a favor da legalização
das drogas não implica ser a favor do seu consumo. O que se pretende é reduzir
os efeitos danosos do proibicionismo.
É o proibicionismo
e a guerra às drogas que geram a violência contra crianças, idosos,
trabalhadores e outras pessoas que jamais tiveram contato com drogas ilícitas,
que pavimentam o caminho para a corrupção e que matam policiais mandados
irresponsavelmente para o confronto. Morre-se e mata-se em razão da proibição
em número assustador, quando os casos de morte por overdose são raros. A vida e
a saúde pública não são defendidas com o proibicionismo, pois apenas serve para
justificar o aparato repressivo e o controle da sociedade.
A Lei Seca nos
Estados Unidos incentivou o desenvolvimento da máfia, da qual Al Capone foi o
ícone. Regulamentado o comércio de bebida alcoólica, a máfia estadunidense teve
que buscar novos negócios. Pessoas que cultivavam videiras e proprietários de
pequenos alambiques clandestinos puderam produzir para consumo familiar sem
necessidade de se armar ante o risco da violência para roubo do produto
proibido.
A Leap (Law
Enforcement Against Prohibition), que pode ser traduzida por Agentes da Lei
Contra o Probicionismo, é uma entidade mundial composta por juízes, promotores
e policiais que tem a missão de reduzir os efeitos danosos resultantes da
guerra às drogas e diminuir a incidência de mortes, crimes e dependência
decorrentes da proibição.
A Leap-Brasil
advoga a eliminação da política de proibição das drogas e a introdução de uma
política alternativa de controle e regulação, com medidas restritivas à venda e
uso de drogas em razão da idade, da mesma forma que existem outras restrições
para aquisição ou consumo de álcool, de tabaco, para direção de veículos e
operação de equipamentos pesados.
Uma criança ou
adolescente pode ter dificuldade em comprar bebida alcoólica ou cigarro na
maioria dos estabelecimentos comerciais do país, pois é regulamentado, mas nada
a impede de adquirir o tipo de droga ilícita que quiser. Aqueles que ganham com
o comércio ilegal têm razões justificáveis, por seus interesses, para a
manutenção do proibicionismo e a guerra às drogas. Legalização já!
Publicado
originariamente no jornal O DIA, em 11/05/2014, pag. 18. Link: http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2014-05-11/joao-batista-damasceno-marcha-da-maconha.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário