“Não
nos perguntemos por quem os sinos dobram. Eles dobram por nós, nos lembrando do
inevitável. E por nós é que devemos lamentar.”
“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma
partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o
mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a
casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me,
porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos
dobram; eles dobram por ti”. John Donne
A morte de toda pessoa me diminui. Seja de um
político conservador e ligado aos interesses da classe dominante como Eduardo
Campos, seja de uma criança atingida por uma bala perdida numa incursão da
polícia numa favela ou numa comunidade pobre ou alguém que a mídia diz ser um
perverso bandido.
A morte de qualquer pessoa me atinge, porque ela é muito definitiva demais e me coloca diante do que é invencível; me faz rememorar as
separações havidas na minha vida e me dá a dimensão do quanto somos todos
frágeis.
A morte de qualquer pessoa me atinge porque eu sou
humano. Por isso repudio qualquer tipo de regozijo diante de qualquer morte. A
dor não é de quem morreu. Mas, de quem ficou: das mulheres, dos familiares e
amigos dos mortos. As mulheres choram muito quando perdem os seus. Na história
da religiosidade do ocidente, duas mulheres choravam ao pé de uma cruz. Os amigos
e discípulos sentiram; mas duas mulheres choraram ajoelhadas ao pé de uma cruz. As
mães choram por aqueles que são mortos na periferia e taxados de indignos de
viver. No caso de Eduardo Campos e dos profissionais que estavam com ele haverá
mulheres que chorarão pelas perdas. Mas, a dor pela morte será sentida e não
entendida pelo filho de 7 meses que o candidato deixou. Sentir sem entender é
mais doloroso.
Não nos perguntemos por quem os sinos dobram. Eles
dobram por nós, nos lembrando do inevitável. E por nós é que devemos lamentar.
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