“A recente promessa de recompensa difundida pelas redes para a morte do
líder do MST, João Pedro Stédile, decorre da criminalização dos movimentos
sociais que a mídia conservadora fomenta. Partiu do perfil no Facebook de um
guarda de Macaé. Mas sua difusão decorreu de haver encontrado o caminho
pavimentado por aqueles que naturalizam a barbárie contra pobres”.
A queda do Muro de
Berlim em 1989 liberou onda neoliberal avassaladora pelo mundo. Mas, no Brasil,
com suas permanentes transitoriedades e sua excessiva concepção estética, em
prejuízo dos juízos fundamentados, o efeito foi assustador. Nenhuma instituição
escapou da desqualificação perante a única modalidade de mediação das relações
sociais que se apresentava, o poderoso mercado. A defesa das riquezas
nacionais, do direito dos trabalhadores ou da cidadania implicava ser chamada
de jurássica.
As empresas de
comunicação majoritárias, sem as redes sociais que hoje lhes confrontam,
pautavam os assuntos e as vertentes das abordagens. Mas as cinco famílias que
oligopolizam o mercado de comunicação no Brasil também exercem outras
atividades empresariais. Daí é que defender o mercado, as privatizações, a
desregulamentação das relações de trabalho, a tributação sobre renda de
trabalho e consumo em vez de propriedade e — progressivamente — das grandes
fortunas é modo de defender os próprios interesses. Não se trata de comunicação
social, atividade relevante para o aperfeiçoamento da democracia, mas de
propaganda em prol dos seus negócios.
Um jornal ou
revista, quando não recebe subvenção do Estado, não pode sofrer controle.
Sequer o papel no qual se imprime pode ser tributado. Mas rádio e televisão são
concessões públicas. O espectro de ondas é finito, e apenas alguns podem obter
a outorga estatal. Daí é que os concessionários devem estar sujeitos a modo
especial de controle social do poder concedente, porque exercem atividade
pública delegada. Não se pode confundir controle, a que todos os que atuam em
razão de atividade estatal devem estar sujeitos, com censura ou outros modos de
intimidação incompatíveis com a democracia.
A recente promessa
de recompensa difundida pelas redes para a morte do líder do MST, João Pedro
Stédile, decorre da criminalização dos movimentos sociais que a mídia
conservadora fomenta. Partiu do perfil no Facebook de um guarda de Macaé. Mas
sua difusão decorreu de haver encontrado o caminho pavimentado por aqueles que
naturalizam a barbárie contra pobres.
Para a defesa dos
seus interesses no Brasil, a Standard Oil lançou nos anos 40 o ‘Repórter Esso’,
“testemunha ocular da história”. Quando a guerra de 45 acabou, muitos
duvidaram. Afinal, ainda não tinha saído no ‘Repórter Esso’. A democratização
da mídia possibilita o confronto de versões, a formação de juízo crítico e o
fortalecimento da democracia.
Publicado originariamente no jornal O DIA, em
15/032015. Link: http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2015-03-14/joao-batista-damasceno-testemunha-da-historia.html
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