domingo, 16 de agosto de 2015

Os inquisidores estão previamente convencidos

Só a nomeação do ex-presidente Lula para um ministério evitará que, por motivo torpe, lhe decretem a prisão visando a extinguir seu partido. Do centro à direita o querem. E à esquerda há descontentes, desde 1980, quando o general Golbery, para desarticular os setores progressistas, ajudou a legalizá-lo em contrariedade à lei dos partidos políticos que proibia referência a classe social. Lula pode ser preso sem fato juridicamente ilícito. Um juiz não julga um fato; tão somente sua reconstituição. Um juiz intelectualmente honesto possibilita reconstituição isenta. Mas os inquisidores constroem o que querem, pois estão previamente convencidos. A conciliação com a classe dominante é transitória. 

Presidenta, radicalize! Nomeie Lula ministro. Garanta-lhe a dignidade perante o Estado Policial. Se é para cair, caia de pé! Substitua o ministro da Justiça por alguém à altura do cargo. Amigos são bons para a convivência, mas não para as funções de Estado. Igualmente o ministro da Fazenda. Não suprima direito dos trabalhadores para saciar a fome dos banqueiros internacionais, não criminalize manifestações populares nem as qualifique como terrorismo, preserve as áreas indígenas, não venda o patrimônio do povo, nem passe a cobrar pelo uso do SUS, que precisa ser melhorado. A ‘Agenda Brasil’ há de ser para os brasileiros e não para os banqueiros. A conciliação aplaca momentaneamente mas não sacia o capital, que volta mais feroz. Ouse! Proponha: Reforma Agrária, estatização dos bancos e dos serviços públicos privatizados, nacionalização do processo petrolífero, suspensão do pagamento da dívida externa até auditoria, revisão da Lei da Anistia, extinção da Justiça Militar, desmilitarização das polícias, anistia aos perseguidos das ‘jornadas de junho’, extinção do oligopólio da mídia corporativa, com adoção de legislação similar à dos EUA, restabelecimento dos direitos suprimidos dos trabalhadores e 20% do PIB para a Educação. 

Presidenta, faça como El Cid, que se fez amarrar num cavalo para depois de morto continuar inspirando sua tropa, ou como os guerreiros espanhóis, enterrados de pé para continuar a luta pela eternidade. Sem isto, será triste o seu fim, dos seus companheiros, da causa pela qual dedicou sua vida, da democracia e da eficácia da Constituição de 1988. 



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