“Para a repressão aos colegas, a
polícia invadiu a Igreja de São José e atirava das janelas em quem estava na
rua. Não há registro de fato desta natureza. Durante a ditadura
empresarial-militar, uma bomba foi colocada no altar da Catedral de Nova
Iguaçu; o bispo Dom Adriano Hipólito foi sequestrado; seu carro foi explodido
num estacionamento, e a igreja, pichada.
“Dom Waldir Calheiros, em Volta Redonda, e Dom Paulo Evaristo Arns,
sepultado ontem, em São Paulo, se colocaram ao lado do povo e enfrentaram a
ditadura. Padre que auxiliava Dom Hélder Câmara, em Olinda, foi assassinado.
Mas, à luz do dia, as igrejas por eles dirigidas não foram ocupadas pelos
facínoras”.
Funcionários civis e militares protestavam contra tentativa de aprovar
lei que lhes reduz direitos, quando a crise no Estado poderia ser minorada com
a cobrança de dívidas dos ricos com o Erário, revogação de benefícios fiscais
indevidos e desfazimento de contratos de locação esquisitos.
Aparelhos de ar condicionado, mesas e cadeiras e até tampa de vaso
sanitário não são adquiridos pelo Estado. Mas alugados de empresas cujos
quadros societários deveriam ser objeto de apuração pelo Ministério Público.
Para a repressão aos colegas, a polícia invadiu a Igreja de São José e
atirava das janelas em quem estava na rua. Não há registro de fato desta
natureza. Durante a ditadura empresarial-militar, uma bomba foi colocada no
altar da Catedral de Nova Iguaçu; o bispo Dom Adriano Hipólito foi sequestrado;
seu carro foi explodido num estacionamento, e a igreja, pichada.
Dom Waldir Calheiros, em Volta Redonda, e Dom Paulo Evaristo Arns,
sepultado ontem, em São Paulo, se colocaram ao lado do povo e enfrentaram a
ditadura. Padre que auxiliava Dom Hélder Câmara, em Olinda, foi assassinado.
Mas, à luz do dia, as igrejas por eles dirigidas não foram ocupadas pelos
facínoras.
Apresentei minha solidariedade ao cardeal-arcebispo Dom Orani Tempesta e
lhe disse que lido profissionalmente com o aparato repressivo do Estado há 30
anos; que lhe diriam que é caso isolado; que não foi ato ordenado; que a tropa
é despreparada; que a decisão foi tomada no calor dos acontecimentos; que tudo
seria apurado e ao fim lhe pediriam desculpas. No dia seguinte o comandante da
PM, na ausência de governo no estado, apresentou pedido de desculpas, disse que
foi decisão no calor dos acontecimentos e que apuraria os fatos.
A teologia cristã registra que Cristo é amor, mas que expulsou os
profanadores do templo. E não deve ter sido com jeitinho. Pilatos, governador
da Judeia, lavou as mãos e sacrificou um inocente. Nem sempre havemos de
aceitar desculpas.
Se um templo religioso, monumento com 410 anos, é invadido pela polícia
para de dentro dele se atirar em manifestantes que protestavam, também, por não
terem recebido seus salários, o que não se faz nas periferias e em favelas como
Cidade de Deus a pretexto de vingar a derrubada de um helicóptero que a perícia
concluiu não foi alvejado, mas caiu por problemas técnicos?
Publicado originariamente no jornal O DIA, pag. 11, em 17/12/2016. Link:
http://odia.ig.com.br/opiniao/2016-12-17/joao-batista-damasceno-invasao-de-templo-e-vandalismo.html
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